segunda-feira, julho 06, 2009

… uma centopeia (quase sempre macho)… rosa… uma linha de vermelho escuro ao longo do veio dorsal… patas amarelas, luminescentes, descoordenadas desde a última passagem pelo bar da rosa… uma humidade constante, pegajosa, brilhante (o pulmão está habituado, ainda assim)… já está escuro e fresco, pode sair da pensão, agora… a fome é mais obrigação que sentida… qualquer coisa lenta, fácil de apanhar, mole, sem espinhas, que se possa sugar rapidamente para seguir caminho e tratar da coisa, de uma vez por todas… uma barata embriagada serviu bem (farta de baratas, ultimamente…)… segue em elipses também imperfeitas, como a lua… chegua, não bate, entra… a quebra-barranco já vai mostrando o que ainda vale (pouco, cada vez menos, gasta…)… pede um chá de menta e senta-se a fumar ópio… recosta-se, deixa-se cair, cansada… deita-se, dorme de novo… sente qualquer coisa no ouvido esquerdo há já alguns dias (parecem patas)… ouve guinchos melódicos de vez em quando, deixa-se embalar… sonha com outras paisagens, outros rostos, sobretudo com outros sons que não sirenes… talvez um charco, qualquer coisa de subaquático (mas pouco profundo)… no sonho as cores esbatem-se e fundem-se com os sons fluidos de girinos inocentes… sorri…

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