sábado, dezembro 27, 2008

flamingo aljezur


uma ave rosada... deprimida... encharcada de mateus... (rosé)... atinge a serenidade para os lados de aljezur (vale dos homens)... foi aí que decidiu morrer...

"flamingo aljejur" pode ser ouvido em http://www.myspace.com/jorgenunes

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Dizem que a paixão o conheceu


dizem que a paixão o conheceu

mas hoje vive escondido nuns óculos escuros

senta-se no estremecer da noite enumera

o que lhe sobejou do adolescente rosto

turvo pela ligeira náusea da velhice




conhece a solidão de quem permanece acordado


quase sempre estendido ao lado do sono


pressente o suave esvoaçar da idade


ergue-se para o espelho


que lhe devolve um sorriso tamanho do medo




dizem que vive na transparência do sonho


à beira-mar envelheceu vagarosamente


sem que nenhuma ternura nenhuma alegria


nenhum ofício cantante


o tenha convencido a permanecer entre os vivos




al berto

segunda-feira, dezembro 15, 2008

ONTEM COMECEI







ONTEM PELA TARDE ENSOLARADA



Circulando através de Berlim a cidade morta


No regresso de um qualquer país estrangeiro


Senti pela primeira vez a necessidade


De ir desenterrar a minha mulher ao seu cemitério


Eu próprio deitei sobre ela duas pazadas cheias


E de ver o que dela ainda resta


Os ossos que nunca vi


De segurar o seu crânio na minha mão


E de imaginar o que era o seu rosto


Por detrás das máscaras que trazia


Através de Berlim a cidade morta e de outras cidades


No tempo em que estava vestido com a sua carne


Não cedi a esta necessidadePor medo da polícia e dos comentários dos meus amigos.


Heiner Müller

CÁRIE DENTÁRIA EM PARIS



terça-feira, dezembro 09, 2008