amputação...desilusão...alguma loucura...desespero...irrealidade...alguma droga... tensão sexual e joalharia... apetecia-me voltar a burroughs
“Tenho de o fazer”, pensava continuamente.
“Isso é aço inoxidável sr., não enferruja nem escurece.”
“Quanto?”
“Dois dólares e setenta e nove, mais IVA.”
“OK.”
Viu a tabuleta, “Hotel Aristo.”
Não sentiu dor. A ponta do dedo caiu na secretária, algum sangue em volta do osso branco. Vieram-lhe lágrimas aos olhos.
Em poucos minutos o sangue estancou. Pegou na ponta do dedo e guardou-a no bolso do casaco.
“Consegui”. Ondas de euforia percorrem-no enquanto desce as escadinhas. Parou num bar e pediu um brandy duplo. Irradiava boa vontade. Uma vida inteira de hostilidade defensiva havia caído.
Esta rapariga… vive no quarto ao lado… gosto dela mas é tão estúpida que não consigo causar boa impressão… todas as noites a ouço trazer outros homens para o quarto… está-me a enlouquecer… vou-lhe mostrar o dedo…
“sugiro que o uses ao pescoço, num pendente cheio de formol…”
the finger, William Burroughs, Interzone
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